Quando o assunto é beleza, sempre buscamos formas de aperfeiçoar técnicas e procedimentos com a finalidade de destacar o que há de melhor em cada um.
Engana-se quem acha que isso envolve somente tentativas e suposições. O desenvolvimento de uma técnica de cuidado com a beleza demanda muita pesquisa e conhecimento antes de chegar ao público beneficiado.
E é para garantir que o efeito de todo um estudo seja colocado em prática que os profissionais de cada área devem buscar informação em diferentes fontes, bem como uma capacitação frequente.
Falando de saúde e estética dos cabelos, sabemos que os cabeleireiros são os profissionais mais preparados para aplicar diferentes produtos e técnicas, já que possuem as noções reais do que funciona para cada tipo de madeixa. Entre as possibilidades de procedimentos para dar aquela renovada no visual, a coloração é uma das mais procuradas nos salões de beleza.
Fazer essa mudança nos cabelos pode até parecer simples, mas envolve todo um conceito e aplicação de uma ciência chamada Colorimetria. Quer entender mais? Então confira tudo sobre essa matemática das cores!
1. Entenda o que é colorimetria
A Colorimetria é uma ciência conhecida em diversas áreas para determinar cores a partir de avaliação de matiz, intensidade e saturação. Para aplicá-la, é necessário o conhecimento aprofundado dos tipos de cores e de como elas se comportam em relação às outras.
Quando utilizada para a aplicação nos cabelos, essa ciência é conhecida como Colorimetria Capilar, e serve de base para que o profissional cabeleireiro atinja a coloração adequada nas madeixas dos seus clientes.
Hoje, a Colorimetria é utilizada em diversos salões para a identificação de cores naturais, para combinar adequadamente tons e contrastes e também para fazer processos de neutralização.
No círculo cromático, toda cor possui outra oposta a ela, o que faz com que ambas se anulem. Essa estratégia é muito útil para os cabeleireiros, pois permite modificar o tom dos fios somente com a combinação de cores.
Essa combinação costuma ser feita com a cor já presente nos fios e um tonalizante, ou até mesmo com duas cores das tintas misturadas sobre os fios descoloridos. Com tantas possibilidades diferentes, conhecer a composição da Colorimetria pode ser determinante para profissionais que querem manter um trabalho bem feito.
2. Por que calcular as cores das tintas de cabelo?
Saber calcular as cores das tintas e prever seus efeitos nos fios é essencial para alcançar bons resultados.
O profissional cabeleireiro é o mais indicado para essa tarefa, já que, além de tonalidades, é capaz de identificar diferentes texturas e estruturas de cabelos.
Entendendo todos os passos da Colorimetria, o cabeleireiro pode alcançar tonalidades diferentes a partir de uma cor já presente nos fios. Veja as vantagens garantidas pelo cálculo correto das cores das tintas:
Cabelos bonitos e saudáveis
Com o cálculo e a aplicação adequada da Colorimetria, muitos procedimentos químicos são evitados a fim de corrigir a tonalidade. Nesse cuidado, a saúde e a beleza dos fios é garantida por muito mais tempo.
Menores chances de erro
Sabemos que a reputação de um salão de beleza depende totalmente do tratamento dado aos seus clientes e, especialmente, do resultado garantido nos procedimentos.
Quanto mais informações puder absorver por meio do estudo e capacitação, menores as chances de o profissional errar na cor e mais satisfeitos ficarão seus clientes em cada trabalho realizado.
Economia de produto
Em alguns salões, as sobras de tinta podem chegar a uma grande quantidade de produto quando somadas, o que seria um desperdício se fossem para o lixo.
Sabendo calcular as tonalidades, o profissional tem a possibilidade de aproveitar as sobras de diversos tubos para fazer uma única cor e assim economizar recursos com a compra de novas tintas.
3. Desvendando a composição da colorimetria capilar
Confira a classificação de cores, tons e reflexos e dê o primeiro passo para administrar corretamente as combinações em cada tipo de cabelo:
Cores primárias
As cores primárias também são chamadas de fundamentais, já que são necessárias para a criação das demais tonalidades. São representadas pelo vermelho, azul e amarelo, e a soma das três resulta no tom marrom.
Cores secundárias
Também chamadas de complementares, são geradas a partir de três combinações com as cores primárias.
As cores secundárias são representadas pelo verde, alaranjado e roxo, onde verde é a junção de azul com amarelo, alaranjado é a junção de vermelho com amarelo, e roxo é a junção de azul com vermelho.
Cores terciárias
As cores terciárias são todas aquelas obtidas a partir da mistura de cores primárias ou secundárias, com diversas possibilidades de combinação.
Podem ser usadas para a criação de tonalidades mais claras, como o azul-claro obtido na mistura de verde e azul.
Cores frias
São cores obtidas a partir de tons de verde, azul, roxo, violeta e cinza.
Apresentam menor luminosidade e por isso costumam ser utilizadas para diminuir e distanciar formas, gerando sensação de amplitude e profundidade.
Cores quentes
São cores obtidas a partir de tons de vermelho, rosa, amarelo, alaranjado, acobreado e dourado.
As cores quentes são classificadas de acordo com o nível de vibração e costumam ser utilizadas para expandir formas, gerando a sensação de proximidade.
Cores neutras
São cores obtidas com a mistura de tons quentes e frios como o vermelho e o cinza, se tornando menos vibrantes e, portanto, pouco visíveis.
Por essa característica, costumam ser usadas para criar um fundo para recebimento de outras cores.
Altura de tom
A altura de tom diz respeito ao tom alcançado com a Colorimetria Capilar.
Para classificar esses tons, existe uma tabela universal que pode ser utilizada para definir as cores naturais e artificias presentes nos cabelos.
São 9 tons que compõem a tabela, indo dos mais escuros até os mais claros:
Altura de tom 1: cor preto azulado
Altura de tom 2: preto
Altura de tom 3: cor castanho escuro
Altura de tom 4: cor castanho médio
Altura de tom 5: cor castanho claro
Altura de tom 6: cor loiro escuro
Altura de tom 7: cor loiro médio
Altura de tom 8: cor loiro claro
Altura de tom 9: cor loiro muito claro
Essa pode ser considerada uma lista geral, já que algumas marcas de produtos costumam trabalhar com até 12 alturas de tom.
Nesse caso, o número 10 corresponde ao loiro claríssimo, o número 11 ao loiro ultra claro e o número 12 ao loiro ultra claríssimo.
Nas embalagens de tinta para cabelo, a altura de tom é representada pelo primeiro número impresso na caixa.
Como exemplo: se o número encontrado for 6, significa que a altura de tom daquela tintura é loiro escuro.
Cores reflexo (Nuances)
Além da altura de tom, uma tinta também pode apresentar uma cor reflexo.
Na embalagem, a cor reflexo é representada pelo número que vem depois do ponto, ou seja, depois da indicação do número de tom.
Assim, se uma tintura indica 6.1, significa que o 6 representa o tom loiro escuro e o 1 a cor reflexo. Veja a classificação:
Numeração 1 após o ponto: cor reflexo cinza
Numeração 2 após o ponto: cor reflexo irisado
Numeração 3 após o ponto: cor reflexo dourado
Numeração 4 após o ponto: cor reflexo acobreado
Numeração 5 após o ponto: cor reflexo acaju
Numeração 6 após o ponto: cor reflexo vermelho
Numeração 7 após o ponto: cor reflexo esverdeado
Algumas marcas também trabalham com duas cores de reflexo em um mesmo produto.
Nesse caso, a numeração da tintura apresentará dois dígitos após o ponto, o que correspondente aos dois tons de reflexo. Como exemplo, temos a cor louro acobreado acaju, onde o louro é a altura de tom e os reflexos serão acobreado e acaju.
O reflexo que aparece primeiro após a indicação do tom sempre será o mais aparente no cabelo, enquanto que o segundo apresentará apenas algumas nuances.
Volumagem
Em cabelos com altura de tom muito escura e no qual o cliente deseja alcançar uma cor mais clara, pode ser necessário um processo de descoloração (água oxigenada e descolorante).
Por ser uma química agressiva e, muitas vezes, incompatível com outros procedimentos capilares, ela costuma ser a última opção dos cabeleireiros para clarear a base dos cabelos.
Entretanto, é possível recuperar possíveis danos aos fios com tratamentos específicos e cremes reconstrutores, especialmente quando a química e o cuidado posterior são realizados com o mesmo profissional.
Veja agora a classificação desses produtos e os resultados possíveis com cada volume:
Água oxigenada 10 volumes: garante pouca fixação da cor da tinta, fazendo com que ela haja como um tonalizante ou banho de brilho.
Água oxigenada 20 volumes: geralmente mantém o tom de base, mas pode chegar a clarear 1 tom.
Água oxigenada 30 volumes: garante o clareamento de 2 a 3 tons, sendo ideal para cabelos com fibras fáceis de clarear.
Água oxigenada 40 volumes: garante o clareamento de 4 a 5 tons, sendo ideal para cabelos com fibras difíceis de clarear.
4. Passos da colorimetria
O estudo da Colorimetria pode ser dividido em quatro passos, que envolvem desde o uso de recursos para a compreensão das cores e suas relações até o cálculo de proporções para chegar ao tom desejado.
Passo 1: Estrela de Oswald
A estrela de Oswald é uma ferramenta bastante utilizada por profissionais que trabalham com Colorimetria.
Nela, estão dispostas as cores primárias, secundárias e terciárias, de maneira que o observador possa verificar quais se anulam e se neutralizam.
Quando duas cores aparecem opostas na estrela, significa que uma delas pode neutralizar a outra. Por exemplo: o azul neutraliza o laranja e vice-versa, portanto, se o cabelo estiver com um fundo muito alaranjado e o profissional quiser anulá-lo para criar uma base neutra, poderá aplicar um tom de azul por cima.
Conhecer e entender a estrela de Oswald é essencial para qualquer cabeleireiro que deseja fixar informações relativas às cores e suas possibilidades na coloração.
É a partir desse conhecimento que muitas tonalidades são alcançadas sem gerar grandes danos aos fios.
Outro exemplo bem prático da utilização da estrela está na conhecida prática de matização dos cabelos loiros. Nesse caso, a tonalidade amarela das madeixas — muitas vezes indesejada — pode ser neutralizada com a aplicação de uma tinta ou tonalizante roxo, visto que essa é a cor oposta do amarelo.
O resultado é um cabelo loiro com tom mais acinzentado e apagado, ou seja, um loiro neutralizado.
2. Fundo de clareamento
O fundo de clareamento é representado por uma paleta de cores, as quais representam possíveis tons a serem alcançados durante o clareamento.
Para usar esse recurso, é preciso que o profissional leve em conta os pigmentos naturais das fibras do cabelo, já que nem todos são iguais.
A pigmentação natural presente em cada cabelo varia de uma pessoa para outra, sendo influenciada pela genética, alimentação e cuidados gerais com os fios.
Existem basicamente dois tipos de pigmentos, e a cor de base final será determinada pela quantidade de cada um presente nas fibras capilares:
Eumelanina
Pigmento presente em cabelos que vão do preto ao vermelho-escuro, portanto, é mais difícil de ser encoberto por outras tinturas.
Ao mesmo tempo, a estrutura desse pigmento é granulosa e bastante concentrada, o que torna mais fácil a sua retirada dos fios. Nesse caso, o clareamento ocorre de maneira mais rápida e simples.
Feomelanina
Pigmento presente em cabelos com tonalidades que vão do vermelho intenso ao amarelo, dando origem aos fios de cores claras e médias.
Como apresentam tonalidades mais claras, são encobertos facilmente por outras tinturas, geralmente sem a necessidade de aplicar uma segunda camada ou realizar a descoloração.
Por outro lado, ao contrário do primeiro pigmento, a feomelanina é mais difícil de ser retirada dos fios. Dessa forma, o clareamento de cabelos mais claros é mais demorado e pode causar mais danos quando comparado às madeixas escuras.
Identificar o tipo de pigmento presente no cabelo garante a aplicação adequada da tintura nos fios, já que o resultado do tom é influenciado pela cor presente na base natural.
A partir dessa etapa, cabe ao profissional usar seus conhecimentos de Colorimetria para encontrar a melhor solução e adequá-la ao desejo do cliente.
3. Avaliação e diagnóstico
Nesse passo, são levantadas as características presentes e as características desejadas dos fios.
Depois de identificar o fundo de clareamento, o cabeleireiro deve conversar com seu cliente para saber qual a cor a ser alcançada durante o procedimento de coloração.
O diagnóstico é importante porque também leva em conta a estrutura do fio, permitindo ao profissional escolher uma técnica que seja compatível com o tipo de cabelo.
Uma pessoa que chega ao salão com os fios muito sensíveis e danificados não pode passar por um processo de descoloração.
Nesse caso, o acompanhamento de um profissional é fundamental para a aplicação da Colorimetria em busca da tonalidade mais próxima do desejado.
4. Matemática da colorimetria
Esse é o passo onde a Colorimetria é aplicada, quando os profissionais escolhem o tipo de tinta de acordo com o fundo de clareamento e a tonalidade desejada para o cabelo do cliente. A partir da soma de duas cores — a presente no cabelo e a da tintura — o cabeleireiro consegue neutralizar a base para então aplicar o tonalizante ou tinta com a cor que tingirá os fios.
5. Conheça a matemática da colorimetria
Para garantir bons resultados com a Colorimetria, é essencial que o cabeleireiro saiba aplicar cálculos exatos na mistura de seus produtos. Na busca do tom ideal, são usadas operações simples da matemática, como adição e divisão. Entenda como fazer:
Calculando os tons de base
Alcançar um bom tom de base é um passo importante para que a cor aplicada em seguida fique o mais próximo possível da indicada na embalagem.
Para conseguir isso, muitos cabeleireiros costumam juntar diferentes cores para alcançar uma única tonalidade.
Digamos que alguém queira chegar a um tom loiro escuro, ou seja, de numeração 6.0 conforme a classificação das cores de tom. Para isso, é possível misturar castanho claro, loiro escuro e loiro claro, respectivamente, alturas de tom 5 + 6 + 8.
A soma da numeração dessas três cores dá 19, que será dividido pela quantidade de cores misturadas: 19/3 = 6,3333333 (esse 3 no final não corresponde a cor de nuance e sim ao resultado de dízima periódica). A forma mais utilizada é a soma de duas cores de base para se obter uma, por exemplo, 8+4 = 12/2 = 6.
Nesse caso, a numeração resultante corresponde ao loiro escuro conhecido como 6.0. Para definir o tom de reflexo pode ser usado os intensificadores ou “cores fantasias” (cinza, dourado, irisado, mate, cobre, dentre outras) de acordo com o tom desejado pela cliente.
E lembre-se, para obter uma cor exata ou próxima da realidade as misturas devem ser em quantidades iguais.
6. Dicas para usar a colorimetria no dia a dia
Por ser uma ciência bastante ampla, a Colorimetria sempre traz algo diferente para quem quer aprender novas formas de aplicar e combinar cores.
Sendo assim, além do estudo e capacitação constante, é preciso que os profissionais estejam preparados com dicas e informações sobre o uso dessa matemática da beleza. Veja como melhorar a experiência do trabalho com a Colorimetria e garanta bons resultados:
Lembre-se dos números que correspondem às cores
Assim como todo estudo tem sua parcela de decoreba, é importante que profissionais empenhados em usar conceitos da Colorimetria saibam a numeração de cada cor presente nas tabelas.
Com essa informação fixada, fica mais fácil calcular os tons que serão aplicados nos cabelos dos clientes. Cuidado para que a divisão seja sempre feita de acordo com a quantidade de cores misturadas, pois assim o resultado será sempre certeiro.
Use tintas e tonalizantes de qualidade
Tinturas de qualidade e dentro do prazo de validade são essenciais para garantir uma tonalidade bonita e fiel às expectativas.
Sendo assim, tome cuidado com a armazenagem desses produtos, observando sempre as condições antes de aplicar nas misturas.
Um simples tubo de tinta vencida pode comprometer totalmente a cor da combinação, e você não gostaria de ser pego de surpresa dessa maneira, não é?
Faça teste de mecha
O mercado de tintas capilares está sempre cheio de novidades, com produtos que prometem resultados cada vez melhores.
Porém, saiba que se aventurar nessa variedade pode ser perigoso se você não souber comparar as cores de novas mercadorias com as que já conhece.
De uma marca para outra, é muito comum existirem diferenças perceptíveis de tonalidades, portanto, faça teste de mecha toda vez que resolver usar um produto novo. Esse cuidado também é valioso para descartar qualquer possibilidade de reação alérgica nos seus clientes.
Pratique sempre
Como dizem por aí, a prática leva à perfeição. É por isso que, antes de ser um bom profissional, você precisa experimentar, testar e até errar várias vezes.
É com o erro que você avalia pontos bons e ruins e seleciona somente o que é positivo para seu trabalho.
Claro que ninguém quer aplicar uma mistura errada no cabelo do cliente, então, como fazer? Uma boa dica é começar com fios sintéticos e depois passar para os naturais. Você pode praticar com mechas descartadas durante os cortes no salão e fazer a mistura de cores para observar o resultado.
Passado um bom tempo da prática, você fará os cálculos rapidamente e sem muito esforço.
Na busca da estética perfeita, a junção de conhecimentos novos e antigos tem sido uma boa saída para os profissionais que cuidam da saúde dos cabelos.
A informação é a base de tudo, e está presente nos mais diversos lugares em forma de cursos, palestras, revistas e também na internet.
Ao cabeleireiro mais ousado, cabe a vontade de aprender cada vez mais e aproveitar os recursos disponíveis para a realização de um trabalho coerente e digno de admiração.
Fonte:https://blog.aneethun.com/colorimetria-matematica-das-cores-que-todo-cabeleireiro-precisa-conhecer/
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